Uma vez que a maioria das fotografias foram feitas em locais públicos mas sem autorização dos intervenientes, se por qualquer motivo não desejarem que sejam divulgadas neste blog entrem em contacto comigo para que sejam retiradas de imediato. Não é intenção prejudicar alguém com a divulgação das fotos em questão nem tão pouco lucrar com as mesmas. O email de contacto está disponível no perfil .
Sexta-feira, 29 de Fevereiro de 2008
Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos
Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2008
A falta de sono faz destas coisas ... depois de uma curta volta pelos blogs do costume, parece-me que até aqui se nota que não prestamos e o quanto somos egoistas.
Quando decidi criar o meu blog , quis simplesmente ter um sitio onde esperar, onde deixar sair coisas que de outra forma não diria a ninguém, quando o criei ... foi por alguém e para alguém, errado ou não na altura pareceu-me bem. Pareceu-me bem ter um sitio onde ficar por escrito, onde ficar por fotografias ... onde ficar. Fiz do "meu" blog um escape, uma porta de saida ou de entrada ... ou ambas.
Fiquei por aqui ... deixei-me ficar e confesso que o meu blog me ajudou, me ajuda, e tenho a certeza que me vai ajudar ainda durante muito tempo. O meu blog ajuda-me ??? Se sou eu que mantenho este blog ... então sou eu que me ajudo também ! E os outros ? Os que por aqui ficam também ? esses também me ajudam ... sem dúvida que sim, ás vezes ... sentir que alguém compreende o que se escreve, ou que olha para uma fotografia que lhe provoca pensamentos ou sensações ... é bom, e de uma forma boa faz-me sentir em divida e querer dar mais em troca.
Os motivos que levam uma pessoa a criar um blog, sejam eles bons ou maus ... acabam por ficar distantes no tempo, acabam por perder alguma da sua força inicial. É verdade tudo passa, tudo muda, é mesmo assim, da mesma forma que as coisas boas não duram para sempre as más também não.
Não quero com isto dizer que os meus motivos mudaram ou vão mudar amanhã ...
simplesmente andei pelos primeiros blogs com os quais mais me identifiquei, e os vejo ao abandono, como alguns dos edificios que fotografo, eram blogs que falavam de alguma tristeza ou dor emocional e que me fizeram sentir menos incompreendido por ver que havia outros ou outras que como eu por algum motivo necessitavam de estar aqui .
O que aconteceu ?... Será que hoje estas pessoas hoje são felizes ? Então se quiseram dizer ao mundo que estavam tristes ... porque não nos dizem agora que já não estão ? engraçado como queremos dividir com os outros o que nos faz sentir mal, enquanto o que nos faz sentir bem queremos só para nós .
Pois podem ter a certeza, se o que hoje tenho para partilhar com vocês é alguma da minha tristeza ... um dia vou partilhar convosco toda a minha felicidade...
até lá ...
por aqui fico...
jmack
Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008
O teu silêncio tem o tamanho
da minha agonia
pesa no meu peito
abre-se numa ferida
O teu silêncio tem o tamanho
da ausência e do vazio
corta-me os dias
arde nos meus olhos
No teu silêncio moram
todas as feridas
todas as guerras
todos os muros
todas as pessoas que não quero ver
No teu silêncio morre a palavra
e a voz que me ensinaste a usar
queimam-se as asas nesse silêncio
abrem-se as navalhas
e todas as portas se fecham
dentro do meu coração
Teresa Cuco ( lugares de mim )
Terça-feira, 26 de Fevereiro de 2008
Criança, era outro...
Naquele em que me tornei
Cresci e esqueci.
Tenho de meu, agora, um silêncio, uma lei.
Ganhei ou perdi ?
Fernando Pessoa